Wolverine nunca facilitou para ninguém. Os outros é que devem deixá-lo passar, mesmo que seja na marra. Tem sido assim desde que foi lançado, em outubro de 1974, e ao longo desses 35 anos de existência. E, ao que parece, continua disposto a não abrir caminho. Está vivendo sua melhor fase. Dá nome a três revistas da Marvel Comics: Wolverine, Wolverine: origins e Wolverine: Weapon X. Foi o real protagonista em três filmes dos X-Men e ganhou o seu X-Men origens: Wolverine.
Como não facilita para ninguém, hoje rivaliza em popularidade com o maior astro da Marvel em todos os tempos, o Homem-Aranha. Faz melhor. Ameaça se intrometer na santíssima trindade dos super-heróis mais famosos do mundo formada pelo aracnídeo, Super-Homem e Batman, os dois últimos da rival DC Comics. Tem marra suficiente para tanto.
Veio suprir uma carência. Super-Homem é certinho demais, Batman é soturno demais, Homem-Aranha, moleque demais. Wolverine se mostra rebelde demais, sem destino, selvagem, meio Marlon Brando, meio James Dean, sem satisfações a dar, exalando testosterona, resolvendo tudo no braço e nas garras. Desafiando.
Expôs sua ferocidade logo ao ser exibido como um teaser na revista The incredible Hulk nº 180. O texto de apresentação prevenia: “Vindo dos mais distantes rincões do Canadá surge o temível e mortífero Wolverine! Mas ele é um herói – ou seria mais um novo e perigoso supervilão?” Seria o antagonista do monstro verde na edição seguinte.
Não se sabia ao certo o que ele seria, do mal, do bem, nem se seria um mutante, um humano. Não sabia, resuma-se, se ele daria certo. Ele chegou e não causou alvoroço. Por alguns meses, comeu poeira nas prateleiras da Marvel até que a editora resolveu dar uma esquentada nos X-Men.
Em maio de 1975, Giant-size X-Men nº 1 chegava às bancas com um novo grupo de mutantes. Tempestade, Colossus, Noturno, Solaris, Banshee, Pássaro Trovejante e o raivoso canadense vieram completar e revitalizar a clássica equipe do Professor Xavier: Ciclope, Fera, Homem de gelo, Arcanjo e Jean Grey.
Deu certo. Daí em diante a relevância do enfezado de colante amarelo entre os super-heróis só fez aumentar. São poucos os personagens da Marvel que não contracenaram com ele em algum momento. Até Frank Miller o desenhou.
Recebeu uma história de vida com passado obscuro e conturbado, codinomes, habilidades, amantes, inimigos, contribuições fundamentais para o seu sucesso.
Recebeu personalidade. Nela mora a real força de Logan (codinome dos tempos do serviço militar) ou James Howllet (o nome real) ou Wolverine (a grife). Não é o mais poderoso dos super-heróis, nem de longe se compara à força de muitos deles. Mas tem coragem suficiente para desafiar qualquer um. Seja quem for, Dentes-de-Sabre, Magneto, Hulk, Fênix, ele vai para cima.
Ele se corta, se quebra, se queima, mas segue em frente, estropiado, e se recupera. Leve-se em conta o fator de cura superacelerado que não o deixa lesionado por mais que alguns minutos e nem envelhecer no ritmo humano.
É pura marra e fúria.
Agressivo quando necessário, letal quando tem que ser, piadista sarcástico, com códigos próprios de moral, antissocial, tenso, autoconfiante ao extremo, determinado mais que tudo. Capaz de beber uma cerveja long neck de virada, dar baforadas seguidas de charuto, mas também de dizer, olho no olho, à mulher amada que é louco por ela.
Meio brucutu, meio galã, agradeça e muito ao ator australiano Hugh Jackman, que o encarnou de maneira decente no cinema. Uma parceria perfeita. Ambos devem um ao outro boa parte da notoriedade da qual gozam hoje em dia.
É o largadão comum, antimetrossexual, totalmente braçal. Faz o equilíbrio, meio penso, entre a virilidade e a sensibilidade. E com outro ingrediente energético: a lealdade.
Em Logan, ela é bem mais forte que o adamantium em seus ossos. O metal fictício, tido nos quadrinhos como o mais resistente dos materiais, o fator de cura e os instintos e sentidos perdem para o carisma de um cara em quem se pode confiar a vida, que não deixará companheiro nenhum para trás.
Num mundo que prega a antiviolência, o antitabagismo, o antialcoolismo e o politicamente correto, Wolverine segue, vez por outra, na direção contrária, com garra (s), indomesticável, arrebanhando fãs carentes de um marrento de coração. Segue desafiando a dualidade bem e mal.
Curiosidades:
* Wolverine foi criado pelo roteirista Len Wein e pelo desenhista John Romita.
* Na primeira versão, ele possuía garras retráteis de adamantium implantadas nas luvas e não no esqueleto.
* Sua máscara tinha bigodes tipo de gato.
* Wolverine (carcaju em português) foi inspirado em um mustelídeo de mesmo nome das florestas frias da América do Norte e da Europa, onívoro, mais ou menos um metro de comprimento, com garras grandes, afiadas. E arisco ao extremo.
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